
No 1º Sarau do Cras de Delta, o envolvimento de aproximadamente 160 pessoas entre alunos e seus familiares, a comunidade e professores abrilhantou o evento. De acordo com a arte-educadora Rita de Blasiis, a “realização do Sarau e a forma como este se configurou apresentou alguns indicadores que podemos considerar como resultados dos objetivos traçados e alcançados”.
Para ela, as referências oferecidas somadas às que a coordenação e os jovens já tinham possibilitaram a concepção de um sarau que manteve a sintonia entre a obra de José de Alencar, lida pelos participantes do projeto, o romance “Cinco Minutos”, abrindo, no entanto, perspectiva para a inserção de outras manifestações artísticas por meio de outras linguagens.

Por ser o CRAS uma unidade de atendimento de cunho social e não uma escola formal, diversas atividades são ali realizadas. Desta forma, foi possível incorporar ao sarau uma mostra de pinturas feitas pelos alunos, apresentação de Kung-fu, de canto, de danças modernas populares entre os jovens, forma de acolher a cultura de massa, possibilitando também sua leitura crítica, e de declamação de poesia. Além disso, havia um varal de poemas, textos e desenhos alusivos à obra literária “Cinco Minutos”, produzidos pelos participantes do Projeto.

Os jovens roqueiros por sua vez, tiveram a iniciativa de criar um espaço que denominaram “Labirinto do Terror”, no quintal do Salão onde o evento ocorreu. Maquiaram-se e vestiram-se de forma considerada assustadora, permanecendo disfarçados ou ocultos, buscando surpreender quem passava pelo labirinto, uma situação divertida que ocasionava sustos e muitos gritos. “Em nossa conversa inicial discutiu-se esta questão: a livre iniciativa, a opção de cada participante ou de um grupo segundo seu interesse, gosto particular, habilidade. Tratava-se de um momento de experimentação e de aprendizagem, sobretudo de criatividade. Ressaltamos também a decoração do local feita pelos jovens, com elementos da cultura popular da região Nordeste, a começar pela entrada do salão ornamentada com chita colorida, indumentárias de dançar quadrilha e um vaso de cactos”, relata Rita.
O entusiasmo de todos os jovens participantes era intenso e a alegria que manifestaram, ao dançar na abertura do sarau, a música Baianá do grupo Barbatuques manteve-se durante todo o evento como tônica da apresentação. Havia um viés humorístico espontâneo no trabalho, agradável e autêntico.

Entre os números do sarau, três momentos trouxeram a público concepções cênicas e interpretações de passagens do romance “Cinco Minutos”. Canções populares brasileiras e uma ária da ópera Il Trovatore de Verdi, faziam parte da trilha musical destes esquetes.
A ideia de um sarau que se reedita, tornando-se um evento tradicional em Delta, extrapolando sua identidade inicial associada ao Projeto Bibliotecando: Re-lendo o Mundo emergiu nesta apresentação, o evento foi assumido pelo CRAS, pela coordenação local e principalmente pelos jovens nesta forma. Ganhou contornos próprios, atraindo a comunidade e até mesmo autoridades do pequeno município. Como em um ambiente doméstico, entretanto, ao final, foi servido um saboroso chá de canela e gengibre a todos. O espírito original do sarau nesta ação simbólica foi mantido: a ideia primordial de compartilhamento, de trocas culturais, de acolhimento numa convivência fraterna e prazerosa. “Ficou bem feito e os jovens participantes estavam envolvidos com a ideia e se esforçaram ao máximo para que tudo acontecesse da melhor maneira possível. Pudemos ver o excelente trabalho realizado pelo CRAS através do educador social Anderson Michel”, comenta Whashington Siqueira, assistente do Projeto Bibliotecando.
Diretamente envolvidos, participaram do evento 60 jovens e adolescentes e a coordenação local do Projeto, assim como o projeto Bibliotecando: Re-lendo o mundo representado pela coordenadora Danúzia Brandão.
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