Os projetos do Instituto Agronelli de Desenvolvimento Social, compartilham experiências diversificadas, programadas dentro das atividades de cada escola ou instituição participante. Tamires Barbosa, coordenadora do projeto Cultura e História do Meu Bairro, procura envolver os alunos em propostas que os façam visualizar novas possibilidades e técnicas, que irão subsidiar suas produções.
Contar a história do bairro onde estão situados merece um olhar diferente sobre o ambiente, discutidos amplamente em oficinas de fotografia, de histórias de vida e também com o bate-papo realizado no mês de julho com o professor André Azevedo da Fonseca, escritor, historiador e jornalista.
Ele visitou as quatro escolas participantes do projeto e, em cada uma, fez abordagens de acordo com a percepção do comportamento natural de cada turma. Na Escola Municipal Professor José Macciotti, a abordagem de André foi direcionada à construção da imagem que os adolescentes fazem em relação aos seus ídolos e o significado do mesmo para eles. Assim, o professor faz uma análise de como eles podem transformar um morador do bairro em alguém simbólico para a formação daquele local. “A turma lá era bem grande, mas eu achei os alunos muito criativos e corajosos na hora de fazer as perguntas e de responder às minhas”, relata André.

Em outra escola, a Estadual Leandro de Vito, a discussão foi diferente, pois a conversa foi direcionada às possibilidades profissionais e o professor aproveitou para dar uma dica importante para os alunos, de escolher uma profissão que faça sentido para ele, de acordo com a sua realidade e história pessoal. Neste dia, André também apresentou aos alunos a história da Casa Assombrada (em Uberaba), história impressa no livro dele “Cotidianos Culturais e outras histórias: a cidade sob novos olhares”, que envolve muita pesquisa, um dos pontos principais para a produção do livro do projeto Cultura e História do Meu Bairro. “Achei a escola linda, com alunos interessados e percebi que a discussão ficou muito bem resolvida com eles”, diz André.

No terceiro encontro, os alunos da Escola Estadual Carmelita Carvalho Garcia receberam também muitas informações sobre pesquisa e representação de símbolos contidos em todos os fatos, mas também puderam conhecer um pouco sobre as teorias da comunicação corporal, elemento essencial para ser utilizado na hora da entrevista oral. A partir dessa discussão, André sugeriu algumas leituras, como os livros “O corpo fala”, “Alice no País das Maravilhas”, “Crime e Castigo” e “O Retrato de Dorian Gray”, clássicos de seus respectivos gêneros. Para André, foi outro momento importante, e destaca alguns alunos da faixa de 11 e 12 anos que tinham um potencial muito evidente no jeito de falar, com ideias complexas, o que o surpreendeu.

Na Escola Estadual Bernardo Vasconcelos, a última do ciclo de palestras, André apresentou a temática da construção de uma imagem, por meio de exemplos contidos na pesquisa do livro “A construção do mito Mário Palmério”, em que ele incentiva os alunos a conhecerem melhor a história de uma pessoa ou de um lugar, com pesquisa, análises e interpretações críticas, sempre duvidando, e desacreditando na verdade absoluta. André explica que, como os alunos eram de séries mais avançadas, ele levou referências teóricas mais profundas, as quais ele acredita que atingiram o objetivo de despertar reflexões diferentes aos estudantes.

Tamires considera que foi um dos momentos mais importantes para os alunos inscritos no projeto, pois eles tiveram contato com um escritor e pesquisador, que levou discussões profundas que, a maioria deles não tem acesso. Além disso, ela também comenta sobre a oportunidade de reflexão e de abrir novas perspectivas de pensamento para os estudantes. “O André falou com eles sobre a profissão, sobre faculdade, sobre mestrado e doutorado. São discussões que não são abordadas no dia-a-dia deles e, com essas oficinas, eles puderam ter contato com esta outra realidade. E o contato com uma pessoa que tem trajetória como a do André é importantíssimo para a formação deles”, comenta.
Gabriela Costa, arte-educadora do Iades, concorda com Tamires, porque para ela, tanto os professores quanto os alunos puderam conhecer um autor de Uberaba e perceber, que como ele, qualquer um pode construir também o seu caminho de sucesso.
André ressalta que encontrou com alunos muito interessados e inteligentes e, principalmente com muito potencial para pesquisa e para a escrita. “Espero de fato ter incentivado os alunos a terem esse gosto pela pesquisa. Fiquei surpreso com a qualidade das escolas e, como já disse, dos alunos. Esse projeto é muito bem feito, muito feliz, na metodologia de trabalho. Eu já vi os outros livros, mas estou extremamente curioso para ver o resultado deste, do qual participei”, conclui.
O projeto Cultura e História do Meu Bairro é incentivado pelo Fundo Estadual de Cultura e atende escolas públicas de Uberaba.
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