quinta-feira, 4 de julho de 2013

Alunos conhecem a história do bairro em entrevista oral

 
Mais uma atividade do projeto Cultura e História do Meu Bairro, que mistura em suas ações, história, geografia, fotografia, pesquisa e produção de textos. Na Escola Estadual Bernardo Vasconcelos, situada no bairro Costa Telles I, uma entrevista oral permitiu aos alunos conhecerem um pouco mais sobre a história da escola, do bairro, da formação da comunidade. Reproduzimos aqui a entrevista da dona Aparecida Donizete Rosa, funcionária da escola há 28 anos:

 
Entrevista Oral
E. E. Bernardo Vasconcelos
Aparecida Donizete Rosa, funcionária da escola há 28 anos

Nome
Aparecida Donizete Rosa.
Idade
57 anos.
D. Aparecida a senhora Sempre morou no bairro?
Não, eu morava no Fabrício.
Tem alguma história marcante sobre o bairro?
Então quando eu mudei pra cá, era mato.
Tudo mato?
Tudo mato, tinham poucas coisas.
A senhora sabe como o bairro surgiu?
Foi doado o terreno, ai construiu a escola e a população começou a morar aqui.
A senhora considera o bairro perigoso?
Não, aqui é legal pra morar, muito melhor que muitos bairros.
Como começou a escola aqui do bairro?
A escola começou lá no Fabrício, depois foi no Estados Unidos, depois foi no Frigorífico e em 80 ela veio pra cá. No frigorífico, tinha vaca tudo lá, ficava as vacas de um lado e as crianças de outro.
E a escola sempre teve esse nome?
Toda vida teve esse nome.
Quantos anos a escola tem?
Olha uns falam a idade, mas eu não sei a idade certa não. Aqui tá desde 80.
Onde se localizava a escola antigamente?
No frigorífico.
Qual o motivo do nome atual da escola?
Ninguém sabe explicar o motivo. A gente já procurou saber e não conseguimos descobrir.
E as principais mudanças da escola?
Olha, pra um lado foi, pra outro os meninos não gostaram, mas eu gostei. Eu gosto da escola como tá agora.
Por que os meninos não gostaram?
É porque, pois bastante regras na escola, de primeiro era mais maleável. Agora não, tem uma meta a ser cumprida pela escola.
E sobre a estrutura da escola? Quando a escola veio pra cá, provavelmente ela não era da forma que ela é...
Não, ela não tinha muro, era cerca com arvores em volta, ai com o passar do tempo foi construindo muro, foi construindo quadra que não tinha, foi melhorando a escola. A quantidade de sala é a mesma coisa. Não tinha lá embaixo a sala de multimeios, nem a biblioteca, não tinha quadra, era terra, era descoberta a quadra.
Tem quanto tempo que a senhora trabalha na escola?
Eu to aqui há 28 anos. Então a gente tá acompanhando a escola a evoluir.
A senhora conhece alguma lenda do bairro?
Não.
Dentro da escola já aconteceu alguma coisa, um fato, uma coisa negativa?
Oh, acho que o ponto negativo, é briga na escola, dentro da escola, acho que isso daí desvaloriza muito.
E um positivo?
A evolução da escola né, ela cresceu bastante.
Agora com relação à escola, quando ela ganhou o prédio próprio aqui, dizem que no início a escola não tinha muitos recursos, e a escola tinha que fazer uns pedágios, você chegou a participar desses pedágios?
Não, não participei dessa época, eu trabalhava a noite e sempre eles faziam durante o dia, então não participei.
O que a senhora acha que a escola precisa melhorar atualmente?
Acho que os meninos ter mais responsabilidade com a escola, porque tem uns que quando sai da escola, já começa a falar da escola e melhorar o comportamento fora da escola, acho que levar o nome da escola, não diminuir a escola.
O que a senhora acha da diretora da escola?
Eu não tenho nada contra, trabalho com ela tem muitos anos e sempre foi assim.
Você acha que os alunos deveriam ser mais ouvidos?
É um ponto a ser esclarecido com ela. Porque todos que procuram ela e que tenta conversar, tem solução. Eu to com ela já há 28 anos e ela sempre me soube ouvir.
Desde quando a senhora entrou a Regina é a diretora?
Não, quando eu comecei a trabalhar na escola era a dona Anália, a mãe da Sueli, ai depois foi a dona Adelina, depois que veio a dona Sandra.
Teve uma época que a diretora andou recolhendo faca que tava brigando demais...
Ah, mas isso ai foi no inicio, foi bem no inicio da escola a noite. Mas isso ai foi uma coisa passageira, porque viu que tinha regra a escola então eles deixam de estudar.
Muitas pessoas do bairro falam de assaltos, ladrões o que você acha da segurança do bairro?
Por mim, eu acho que tem bairro que é bem pior, aqui tem bem menos. Eu moro aqui há 30 anos, graças a deus, nunca entrou, nem nos meus vizinhos, nem na minha casa, isso eu posso te falar tranquilo, eu não tenho problema. Tem gente que fala, tem problema na saída dos meninos, eu nunca tive. Não tem barulho, nem a noite, nem de manhã, nem de tarde. Eles saem normal da escola, não tem problema nenhum.
Eu acho que falta muita motivação tanto dos professores quanto dos alunos, você tem muito tempo de convívio, em sua opinião o que pode ser feito pra melhorar isso?
Vocês mesmos fazer um grupo, ir na Regina, montar um projeto que queira fazer, que ela vai ajudar. Os próprios alunos que levam a escola, na boa maneira né.
De todas as direções até agora, qual foi melhor?
Olha tanto a Regina, pra mim não faz diferença, os alunos sentem diferença. A Regina exige mais, ela tá mais presente na escola e exige mais.
Hoje a escola tem projeto para aumentar o número de salas?
Tem, já mandamos várias planilhas, mas não tivemos resultado. Porque tem que manda pra Belo Horizonte para aprovar e depois vim. Era pra fazer mais duas salas de lá e mais duas de cá e passar a secretaria para frente, mas não veio resultado.
A senhora tá dizendo que a escola só não é melhor por culpa do estado?
É o Estado num melhora, é isso ai.  Porque é a coisa mais engraçada tem a geladeira, mas ele mandou dinheiro pra comprar a geladeira e ai?! Vai comprar o fogão?! Não pode. Tem que comprar a geladeira.
Como é o atendimento de saúde no bairro?
Tem os agentes da saúde, que passam de casa em casa. Agora ultimamente tá muito ruim, ruim, mas ruim mesmo. Aqui no bairro nós não temos médico nenhum. Você pode ir no postinho, não pode ser atendido porque o médico que atende o bairro não tá atendendo. É o postinho do Cartafina, mas não tem médico pra atender o Costa Telles e a Vila Esperança.
Se você pudesse mudar alguma coisa na escola, o que você mudaria?
A merenda de vocês.
E em relação ao transporte público do bairro, o que você acha?
Deixa muito a desejar, você fica bastante tempo no ponto, principalmente quem vai pra faculdade, o Paraiso, você fica uma hora no ponto, é muito tempo, horrível.
E a associação de bairros?
Não existe. Nos tivemos um candidato, mas ele nem conversava com os moradores.
Aqui de primeira era escola aberta, tinha capoeira, tinha aulas ao sábado, não vinha ninguém. A gente abria a escola pra comunidade e eles não participavam.
E em relação ao comércio do bairro? É acessível, tem tudo que precisa?
Não, não tem não. Falta bastante coisa. Tem bastante barzinho, de cerveja e pinga, mas o que precisa se você procurar maisena você num acha. Você num acha ketchup. Tem a cachaça, esse ai tem. A cachaça e o cigarro têm.
Em sua opinião, a senhora considera que as ruas, a estrutura esta em bom estado?
Não, tá não. Tem bastante buraco.
Você sabe se alguém da prefeitura veio?
Eles vieram mais, não fizeram nada.

0 comentários:

Postar um comentário